No topo da Cachoeira dos Pretos

Basta o retorno de uma viagem para os amigos programarem o próximo destino. Depois de algumas sugestões, o grupo descobriu que as barracas estavam a meses nos armários e precisavam ser abertas. Algumas pesquisas e poucos minutos nos levaram até  a cidade de Joanópolis a 115 km de São Paulo e a 110  de Campinas, de onde saímos num sábado ensolarado.

Antes do nosso destino uma pausa na Padaria do Ademar, que fechada, adiou nosso café e deixou o nosso Ademar inconsolável.

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Em Joanópolis nosso pernoite aconteceu no agradável camping do Zé Roque, um local margeado de um lado pelo afluente de um rio  raso e de  água limpa,  e do outro por uma serra imponente. Fomos logo nos acomodando.

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O Camping é bem estruturado e muito bem cuidado pela Cristina e pelo Lourival. Tem uma área ampla para a montagem das barracas, em alguns lugares é possível encontrar área de sombra. Banheiros muito limpos, ranchos com fogão à lenha que ficam à disposição dos campistas. Além do camping que vende gelo e carvão, a 3 km existe uma vendinha onde é possível encontrar outros produtos, no mais… somente a 15 quilômetros na cidade de Joanópolis.

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Logo de cara já fomos fazendo amizade. Esse aí é o “Fiiiio”, um papagaio pra lá de sacana contando um segredinho no ouvido do Jeferson.

A escolha pelo local nos deixou mais perto do nosso objetivo : a Cachoeira dos Pretos.

A 500 metros do camping a  imponente cachoeira desce de uma colina com queda de 154 metros e dá origem a um dos principais afluentes do rio Piracicaba. Ao final da queda a cachoeira forma outras derivações de pequenos riachos muito convidativos para um mergulho.

Existem muitas lendas ao entorno do nome da cachoeira. Uma delas diz que a cachoeira era o único caminho para a fuga de escravos e quase todos morriam tentando fugir ou se jogavam de lá por não encontrar outra saída. Outra lenda diz que os escravos que não mais serviam para o trabalho eram jogados  pelos seus senhores. Entretanto estas histórias não passam de lenda !  “Preto”  é o sobrenome da família dona das terras onde a cachoeira está,  e a muitos anos as pessoas da região  quando iam para lá usavam a expressão :   ” – vamos pra cachoeira dos pretos” e assim ela ficou conhecida.

Planejamos explorar as encostas desta colina chegando ao topo da queda.

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Depois de tudo pronto, hora de reconhecer o terreno. Saímos por uma estrada que margeia o camping e pelos primeiros minutos percebemos que não seria um percurso fechado como pensávamos, porém seria uma subida pra exigir muito dos joelhos.

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No meio do caminho já conseguíamos perceber a altura desta colina, observando abaixo a área do camping e a estrutura de chalés e restaurantes de recebem centenas de visitantes por dia.

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Depois de 50 minutos de subida é possível alcançar um platô da colina onde a trilha fica margeada por eucaliptos e arvores de diversas espécies, e para quem se propõem  caminhar pela mata, o lugar fica convidativo.

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Deste trecho, caminhamos por mais 30 minutos, do nosso lado direito começamos a avistar algumas quedas de água e o barulho já dava uma emoção muito especial.

Para acessar o topo da cachoeira tivemos que ultrapassar por uma cerca de arame farpado.

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Logo ao cruzar a cerca …. CUIDADO !!!!!!  Uma armadilha.  Por sorte passamos ao lado, mas ela estava lá, com cerca de 1,3 m de diâmetro, armada com gravetos bem finos e coberta por pequenos tuchos de galhos finos e folhas secas . A região da Mantiqueira é habitada por Lobos-Guará,Onças, Bugios, Jaguatiricas, entre outros animais, e provavelmente esta armadilha esperava por algum deles… senão..  esperava por alguns curiosos como nós.

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Descendo cerca de 200 metros avistamos o rio e a primeira corredeira. Deste ponto é possível ver que a água desce de um ponto mais alto da colina e por isso a força da água é bem grande.

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Margeando o rio, uma pequena e perigosa trilha nos leva até outro ponto da corredeira. Como havia chovido alguns dias antes e o lugar é bem coberto por árvores, o solo estava molhado e qualquer descuido poderia levar algum de nós para dentro da água.

Antes de subirmos, no camping ouvimos algumas histórias sobre alguns acidentes ocorridos. Cerca de 8 pessoas perderam a vida nesta cachoeira nos últimos meses, talvez algumas que tenham entrado na água propositalmente e foram puxadas, outras talvez por terem escorregado. Todo cuidado é pouco para quem quer visitar este lugar.

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enfim…….. o topo da cachoeira dos pretos.

caida cachoeira

Abaixo, uma foto próxima ao local apontado pela seta.

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fim

Making of e outras coisas impublicáveis

DSCF1043Não Jeferson. Isso definitivamente não é um peixe !

Wagnão menino lobo

Cabelo de lobo, rabo de lobo, Wagnão:  meio lobo, meu sei lá o que?????

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Sorte que é uma pinha……. mas deve ter doido !!!!!

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Quem mandou ser curioso !! aguinha com 10º graus

3 comentários sobre “No topo da Cachoeira dos Pretos

    • Olá Vanda. A trilha que mostramos aqui no blog é muito legal para caminhar. É uma estrada de terra que não oferece nenhum risco, exceto a possibilidade da pessoa escorregar (existem alguma subidas bem íngrimes) Essa trilha inicia-se passando pelo camping e contorna por trás da cachoeira. Você não vai ver a cachoeira por essa trilha mas em alguns pontos vai escutar o barulho. Lá de cima a vista é muito bonita.
      Quanto `a idade da criança, creio que a partir de 7 anos, nem tanto pelo risco mas pela resistência.
      Existe outra trilha que passa ao lado da cachoeira. Essa porém é muito perigosa e se não me engano até proibida. Infelizmente muitas pessoas se arriscam ali.
      Caso você vá, existe uma pousada e o próprio camping para hospedagem. Ambos são muito bons.
      Bom passeio e bom divertimento.

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  1. Realmente o lugar é maravilhoso, é como o Flávio mencionou… estivemos nesta passagem de ano por lá acampando, é uma excelente opção para quem quer ficar em contato direto com a natureza, juntos, Céu, Terra e Água…. muita água fazem a permanência por lá, passar num piscar de olhos.

    Com um alvorecer de dar nó na garganta e nada falar, recheia o murmúrio das águas que dão o início do “Rio Piracicaba”, e de pássaros diversos, muitos, mas principalmente de “Canários da Terra” em uma quantidade assombrosa, é de dar êxtase só em poder ouvi-los, é retornar a uma infância muito bem vivida junto a natureza, como foi a minha.

    Por outro lado também, todo cuidado é pouco, pois como foi mencionado, a cachoeira com algo aproximadamente 80 metros, trás junto a sua beleza um elevado risco a todos aqueles que não a respeitam como deve.

    Infelizmente nesta passagem de ano, houve um acidente fatal por uma queda de um jovem de 14 anos de seu topo.

    Como dizem os moradores de Joanópolis, “Até hoje jamais um Joanopolense caiu de lá”, … só quem vem de fora, que não respeita a cachoeira… assim fica o recado dado…

    Pode ir… vale a pena demais…. é só respeitar a cachoeira.

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